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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Kassab diz que piscinões evitaram mais prejuízos em SP; analistas veem descaso histórico

Para o arquiteto Benny Schavsberg, professor da UnB (Universidade de Brasília), os problemas em São Paulo, ao contrário do que diz o prefeito, não podem ser imputados à natureza. "A responsabilidade é do poder público, que, sabendo dos indicadores, dos mapeamentos de área de risco e de tudo mais, não tomou as medidas técnicas", disse ele ao UOL Notícias. "Em curto prazo as medidas são sempre de limpeza de bueiros e de galerias, prevenção nos pontos críticos de alagamento, de enxurrada. Essas providências de curto prazo deveriam ter sido tomadas."

CAOS E CHUVA EM SÃO PAULO

  • Após madrugada de caos, chuva dá trégua à marginal Tietê
Arquiteta da USP (Universidade de São Paulo), Raquel Rolnik escreveu um texto para dizer que os alagamentos na capital paulista se devem à "opção de construir um sistema viário principal ao longo da várzea do rios". "Foi um erro pelo qual toda a região metropolitana de São Paulo paga a cada mês de janeiro", afirmou. A especialista também minimizou a questão dos piscinões, exaltados por Kassab, para evitar novas e tradicionais enchentes de início de ano.
"Não se trata de uma questão de projeto de drenagem, mas de um problema causado por uma opção de política de mobilidade rodoviarista que foi tomada há décadas atrás e que hoje se percebe claramente que foi equivocada", afirmou. "O pior de tudo é que os novos projetos nessa área, como, por exemplo, o alargamento da marginal do Tietê, repetem exatamente o mesmo paradigma, ainda que já saibamos que as consequências serão funestas."
Schavsberg, da UnB, diz que, independentemente dos piscinões, "não faltavam indícios meterologicos de que haveria alta pluviosidade e de necessidade de drenagem". Para o especialista, o tipo de gerenciamento potencializa os prejuízos causados pelas chuvas pesadas de início de ano "As cidades que promoveram um sistema de planejamento e gestão metropolitanos, integrados e participativos têm melhores resultados. Em São Paulo é tudo centralizado e há pouco compartilhamento de dados. E isso é responsabilidade do poder público", afirmou.
"Um outro modelo de planejamento, integrado com os outros municípios, daria maior efetividade às iniciativas que têm de ser tomadas. Jogar a culpa na natureza é muito pouco para uma cidade do porte de São Paulo. Dizer que choveu acima da média também não é aceitável, porque o impacto sempre pode ser menor se existe um bom planejamento. Só falta daqui a pouco jogarem a culpa na moça da previsão do tempo."

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