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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Como fazer amigos na vida adulta?

Entre adultos, a maioria das amizades é feita em função das atividades que compõem suas rotinas


Não são raras as pessoas que, por volta de seus 30 anos de idade, começam a se perguntar “onde foram parar os meus amigos?”. Com a correria do dia a dia e as mudanças normais de rotina que todos vivenciam ao longo da vida, fica cada vez mais complicado ter tempo – e disposição – para cultivar amizades. E, para piorar, os amigos que acabam ficando para trás não costumam ganhar nenhum “substituto”.
Arquivo pessoal
Um grupo de mulheres se conheceu e criou laços de amizade na escola dos filhos
“De um modo geral, adultos não procuram fazer novas amizades.” É o que afirma a psicóloga Angelita Corrêa Scardua , mestre em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo (USP) e especialista em Psicologia Junguiana pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). “Isso acontece porque, de maneira geral, vamos acumulando ideias pré-concebidas do que é legal e do que é bom. É difícil uma pessoa se encaixar perfeitamente nestes requisitos já pré-estabelecidos”, explica. “Tendemos a julgar muito pela aparência e isso restringe muito o nosso grupo de amigos. 

Fora a falta de tempo que vem com o acúmulo de diversas atividades e o cotidiano comprometido por trabalho e família, os interesses também mudam, e, com eles o perfil dos amigos. Estes fatores representam uma grande restrição em termos de oportunidades para incluir amigos novos em nossas vidas. “Procuramos pessoas com quem tenhamos afinidade, mesmo que momentânea. É um processo natural e todos passam por isso. O que acontece é que quando somos adultos nossa rotina é bastante engessada com emprego e família”, explica Angelita.

Casadas x solteiras 
Uma grande mudança no estilo de vida pode ameaçar algumas amizades. O casamento e o nascimento de filhos, por exemplo, podem alterar de maneira profunda rotinas e interesses. Será que a amizade entre mulheres casadas e solteiras é possível?

“Eu falo para algumas amigas solteiras que, quando elas chegam em casa, o dia delas está acabando. Para quem tem filhos, o dia está começando”, afirma a fisioterapeuta Patrícia Macedo Bento Santos, 38, mãe de um menino de seis e uma menina de três anos. É justamente aí que mora a dificuldade de cultivar algumas das relações mais antigas. O ritmo de vida torna-se muito diferente e é preciso empenho para que ambas abram espaço em suas rotinas para conservar a relação. “A vida social de quem tem filhos gira muito em torno da criança, o que não acontece com quem é solteiro. As duas precisam se comprometer com a amizade para que não se distanciem.”, diz Angelita. 

Para a organizadora de casamento Thais Denker , 27, que é solteira, o casamento das amigas não representou um problema grave. “Muitas já têm filhos e festas infantis fazem parte da minha rotina. Sempre participo e, com isso, preservo pessoas importantes na minha vida”, afirma. Thais reclama, no entanto, que muitas amizades terminaram porque os que casaram tiveram filhos e foram incapazes de acumularem tantas funções.

A psicóloga e coach Rosângela Casseano lembra que muitas relações não são encerradas necessariamente por causa das crianças. “Às vezes acaba antes, durante o namoro mesmo. Muitas mulheres, por exemplo, começam a namorar e os homens não se tornam amigos. Isso pode contribuir para um afastamento”, afirma.
Onde estão os novos amigos? 
Mas quem anda negligenciando essa parte da vida pode estar cometendo um erro. “Ter amigos é um dos melhores presentes que podemos nos dar”, afirma Rosângela. 

O ambiente de trabalho costuma ser uma fonte óbvia de novos contatos sociais da vida adulta: os interesses e problemas, mesmo que sejam passageiros, são compartilhados pelos colegas de emprego, explica Angelita. "O vínculo vem de forma bastante facilitada."

Mas o trabalho não é a única saída. Além do emprego, os filhos acabam se tornando aliados cada vez mais importantes. Foi o caso de um grupo de mais de dez mulheres, do qual Patrícia faz parte, que se viram compartilhando as mesmas alegrias e angústias da maternidade. Elas se conheceram na escola dos filhos, e mantêm contato estreito há anos. “Nos encontrávamos nas festas da escola e nos aniversários das crianças, mas percebemos que tínhamos realmente afinidade e começamos a marcar jantares e almoços com mais frequência”, afirma Patrícia.
A amizade é tão presente que a estudante Aimara Crepaldi, que vive atualmente na Alemanha, fez questão de comemorar o aniversário da filha de seis anos aqui no Brasil, em julho deste ano, com as amigas do grupo da escola. “Sempre ouvi dizer que crianças unem os adultos. Nós somos um bom exemplo disso. Nossos filhos nos deram a oportunidade de fazer amigos especiais”, conta. 


Como lidar com pessoas negativas

Ser imparcial, não absorver a energia ruim e ter jogo de cintura para mudar de assunto são boas maneiras para se relacionar com indivíduos que só sabem reclamar



Sabe aquele vizinho que vive falando mal do porteiro? E aquele colega de trabalho que só reclama da vida? E a tia que acha que todos estão contra ela? Todo mundo conhece alguma pessoa negativa. Em resumo, são indivíduos que criticam tudo e todos de forma destrutiva, julgam de forma comparativa, jogam pessoas umas contra as outras e valorizam somente os defeitos dos outros, segundo explica o terapeuta Carlos Florêncio, que também é coach e especialista em desenvolvimento pessoal.
Conviver com estas pessoas pode até gerar sintomas físicos, como sensação de mal-estar, cansaço e estresse. “Parece que você não consegue pensar direito, começa a bocejar, fica ansioso e até irritado”, diz Florêncio. Mas nem sempre dá para evitar o convívio. Se ele for necessário, algumas dicas podem ajudar.

Apesar da vontade de evitar o contato com pessoas negativas, é importante não ser indiferente. Ignorar ou ser agressivo pode até piorar a situação e, ainda, fazer de você o “alvo” das próximas reclamações. Neste caso, a dica é tentar conviver de forma harmoniosa, manter a integridade e a ética. “É preciso entender que o mau-humor ou a visão de mundo negativista é da pessoa e não sua. Você não pode se deixar afetar nem entrar nessa ‘onda’ negativa”, aconselha o psicólogo Jose Paulo Laganá, especialista em transtornos de humor.
Desta maneira, o melhor a ser feito para lidar com pessoas negativas é manter-se impessoal. “Quando uma pessoa fala mal de outra para você, ela está esperando que você entre no jogo, dê sua opinião ou concorde com ela”, explica Florêncio. Sendo assim, a indicação é tentar “neutralizar” a conversa, não se deixar envolver. Portanto, se uma amiga reclama o tempo todo do vizinho, não embarque no assunto. Simplesmente diga que entende a situação e procure mudar de tema ou levar a conversa a outro nível.
Getty Images
A pausa para um café no trabalho facilmente se transforma em uma reunião de lamentações
Café com fofoca
No trabalho, o problema também é bastante comum. Não raro, o momento do cafezinho se torna a oportunidade perfeita para a pessoa negativa disparar reclamações para todos os lados. “Isso contamina o ambiente e, em alguns casos, chega a desorganizar grupos”, comenta Laganá. O psicólogo explica que isso acontece porque, muitas vezes, a pessoa não sabe lidar com os próprios conflitos, sofre internamente e age de tal maneira.

Para não deixar que o comportamento negativo de uma pessoa atrapalhe a equipe, a consultora aconselha aprimorar a autoconsciência, para não se deixar afetar, e também o jogo de cintura. “A cada momento em que o outro traz questões negativas, você deve perguntar qual é a solução que a pessoa vê sob aquele ponto de vista. Deve-se sempre focar na solução e não no problema”, diz Mariella.Para a coach Mariella Gallo, consultora pessoal e de carreira, uma pessoa negativa pode afetar signitivamente o ambiente corporativo. Geralmente, um profissional com essa característica encontra defeitos e problemas em todos os projetos, faz comentários pessimistas sobre o trabalho dos colegas e é mais inflexível ao que os outros têm para apresentar.
Sou negativo?
Pior do que lidar com alguém negativo é perceber que você mesmo comete esse tipo de deslize. Para identificar se você é o inconveniente da turma, observe se aquilo que você fala ou faz deixa transparecer um pessimismo constante. Você reclama frequentemente? Fala mal de tudo e de todos, qualquer que seja a situação? Está com a “cara” sempre fechada? Se a resposta foi sim para estas perguntas, é melhor mudar a postura.
A coach Mariella Gallo diz que, neste caso, o melhor a ser feito é identificar as atitudes negativas e, a partir daí, determinar ações contrárias a serem feitas. Por exemplo, se você não sorri, vai treinar sorrir. Se reclama do colega de trabalho, vai exercitar o bom relacionamento interpessoal. “É necessário desenhar e praticar comportamentos opostos, até que se atinja um novo hábito”.
O terapeuta Carlos Florêncio também recomenda fazer um trabalho de autocontrole, pensar antes de falar, respirar fundo e manter uma postura positiva. “É importante valorizar a realidade, agir com ética e aceitar as diferenças. Diminuir o outro para se sentir superior só demonstra pequenez de espírito”, finaliza.