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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Policial civil agia como infiltrado da milícia na Corregedoria, diz MP


Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Um dos presos na operação contra a milícia "Liga da Justiça" é levado para a Acadepol
Um policial civil agia como infiltrado da milícia na Corregedoria Interna da corporação, segundo as investigações feitas pelo Ministério Público e da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas) que culminaram na prisão de cinco suspeitos de integrar a quadrilha nesta quinta-feira (1º), na zona oeste do Rio de Janeiro.
Segundo a denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público, o policial Anísio de Souza Bastos, que já está aposentado, faria parte da "Liga da Justiça", uma das milícias mais poderosas da cidade e que foi fundada pelos ex-parlamentares Jerônimo e Natalino Guimarães, atualmente presos.
A Secretaria de Segurança não confirmou se Anísio está entre os presos. De acordo com a pasta, havia a informação de que ele iria se apresentar.
O agente infiltrado fornecia aos comparsas informações sigilosas sobre as rotinas e operações policiais. Também seria incumbido de provocar a realização de operações contra a milícia rival (Comando Chico Bala) e de prender seus integrantes.
De acordo com o promotor Marcus Vinicius Moraes Leite, Anísio recebia cerca de R$ 40 mil por mês para repassar as informações.
No total, 18 pessoas foram denunciadas à Justiça e tiveram a prisão preventiva requerida pelo Gaeco. Os acusados responderão pelos crimes de formação de quadrilha para a prática de crimes hediondos. Dos denunciados, quatro já estavam presos.
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Além das prisões, foram recolhidos cerca de R$ 45 mil (R$ 33 mil em dinheiro e o restante em cheques), uma pistola, três carregadores de munição, um carro Ford Ecosport, computadores, máquina de contar dinheiro, documentos e material relacionado a caça-níqueis.
A milícia, de acordo com a denúncia, continua agindo em localidades da zona oeste como Campo Grande, Cosmos, Inhoaíba, Paciência e Santíssimo. Entre as atividades criminosas citadas estão homicídios qualificados, extorsões, espancamentos, sequestros, torturas e porte ilegal de armas de fogo.
A quadrilha, segundo o Gaeco, lucra com a cobrança de taxas de moradores, comerciantes e pessoas dedicadas ao transporte alternativo (vans e mototaxis). Monopoliza ainda o comércio de gás natural veicular (GNV), botijões de gás e TV a cabo (gatonet). Com o dinheiro arrecadado, foram comprados veículos de luxo, lanchas e imóveis, diz a denúncia.
Líder foragido
De acordo com a denúncia, o líder atual do bando é o ex-PM Toni Angelo Souza de Aguiar, conhecido como “Erótico”, também está entre os denunciados com prisão preventiva decretada pela 42ª Vara Criminal da Capital.
Atualmente foragido, Angelo é apontado como o responsável por coordenar a atuação dos demais, sem deixar de participar de empreitadas criminosas e homicídios. Michel Cunha de Carvalho (Michel Baleia), atualmente preso, é homem de confiança do ex-PM Ricardo Teixeira Cruz, o Batman, atuando no gerenciamento dos lucros e nas extorsões.
O promotor Marcus Vinicius ressaltou também que alguns integrantes do bando continuavam a gerenciar as atividades mesmo estando presos. Este seria o caso de Carlos Ari Ribeiro (Carlão), recentemente expulso da Polícia Militar. Ele foi preso em flagrante em junho de 2010 com uma pistola que, segundo exame balístico, foi usada em diversos homicídios.
De acordo com a investigação, ele e Ivo Mattos da Costa Junior (Tomate), também preso e expulso da corporação, fizeram ligações de dentro do Batalhão Especial Prisional (BEP) para coordenar extorsões.
Assassinato de testemunhas
 Ao defender a necessidade da prisão preventiva dos denunciados, o Gaeco afirma que, após a deflagração de outra ação penal, em 2009, os denunciados e outros comparsas assassinaram a testemunha Leonardo Baring e chacinaram quatro membros da família da testemunha Vicente de Souza Junior (incluindo seu pai, de 90 anos, cujo cadáver foi encontrado em um cemitério clandestino, algemado e com sinais de tortura).
“Isso demonstra que tais indivíduos não medirão consequências para salvaguardar seus interesses escusos, ainda que à custa de muito sangue e do escárnio às Instituições”, diz o texto da denúncia.
“Além de extremamente violentas, as milícias provocam perda da confiança da população em relação ao poder público. A Operação pandora demonstra que a Secretaria de Segurança e o Ministério Público, por meio do Gaeco, não vão dar trégua no combate a estas organizações criminosas”, afirmou o titular da Draco, Alexandre Capote, durante a entrevista coletiva.

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