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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

EUA encerram 2010 sem eliminar a mancha do vazamento de petróleo. SE O OCORRIDO FOSSE NO BRASIL, COMO OS NORTE AMERICANOS SE COMPORTARIAM?

Washington, 30 dez (EFE).- Os Estados Unidos enfrentaram em 2010 o maior desastre ecológico de sua história com o vazamento de petróleo da empresa BP, que atingiu o litoral no Golfo do México e levou o Governo a debater sobre o papel da indústria petrolífera que ainda está longe de terminar.

Nos três meses que transcorreram desde que a plataforma petrolífera Deepwater Horizon explodiu em 20 de abril e afundou dois dias depois até que uma gigantesca tampa de concreto deteve o fluxo de óleo em meados de julho, o vazamento de óleo no Golfo do México foi tema de capa dos grandes jornais internacionais.

As 11 mortes provocadas pelo acidente e os quase 5 milhões de barris de petróleo derramados ao oceano eram diariamente reproduzidas em manchetes e chamadas, que não demoraram a prever que o desastre se transformaria no "Katrina" do presidente Barack Obama - em referência ao furacão que devastou o estado de Nova Orleans em 2005, durante o Governo de George W. Bush.

E da mesma forma que aquele desastre abalou a gestão Bush, a tragédia da BP se traduziu em um golpe político para Obama em seu segundo ano no poder.

A lenta resposta à crise, somada aos vaivéns na aplicação da moratória às perfurações petrolíferas imposta no final de maio, enfureceram a indústria e os pescadores da região, da qual procede 30% do petróleo dos Estados Unidos.

O primeiro sinal de alívio, após dezenas de tentativas frustradas para deter o fluxo de óleo a 1.500 metros de profundidade, chegou em julho quando as equipes da BP conseguiram empurrar o petróleo para o fundo do depósito com uma ampla injeção de concreto e lodo pesado, que levaram semanas para aplicar.

Mas esse êxito não foi suficiente para pôr fim ao descrédito do Governo, criticado até então pela incapacidade de colocar em prática em águas tão profundas uma tecnologia da qual dispunha havia décadas.

Entre as dúvidas sem resposta, a primeira e mais evidente era a do impacto ambiental, um assunto que o Governo tentaria encerrar semanas após tapar o poço com um relatório científico segundo o qual 74% do petróleo tinha sido recolhido, queimado, evaporado ou decomposto por processos naturais.

O número, que constatava que apenas 26% do petróleo permanecia flutuando no oceano em pequenas partículas, não demorou a ser questionado por cientistas e especialistas de todo o país. Eles também criticaram a agressividade ao ecossistema do uso em massa de solventes químicos para neutralizar o petróleo derramado.

Essas substâncias só teriam sido necessárias diante do risco de poluição maciça do litoral, e no entanto foram utilizadas "como plano de emergência, sem necessidade alguma", explicou à Agência Efe Thomas Azwell, professor da Universidade de Berkeley que dirige um grupo de estudos independente sobre o desastre.

O impacto do vazamento de óleo sobre o ecossistema, que outros cifraram inclusive em um século, vai durar, segundo Azwell, "pelo menos duas gerações", ou seja, 50 anos, e o óleo vai permanecer aderido ao fundo do mar por cerca de uma década.

Esse impacto ecológico, junto às consequências econômicas causadas pela moratória às perfurações e pela interdição de um terço das águas do Golfo à pesca comercial, levou a BP a uma gigantesca tarefa de indenizações da qual por enquanto não se vislumbra um fim.

Após pagar quase US$ 400 milhões nos primeiros meses, a petrolífera britânica cedeu a tarefa a um fundo independente supervisado por terceiros, dotado de US$ 20 bilhões dos quais, por enquanto, os prejudicados receberam cerca de US$ 2,4 bilhões.

A esse número se somará a multa que o Governo dos Estados Unidos prometeu impor à multinacional desde janeiro, quando obterá o relatório final da comissão que investiga as causas do acidente.

As conclusões desse grupo de especialistas, que em suas audiências preliminares tacharam a BP de "autocomplacente" e "enormemente inepta", prometem marcar um antes e um depois nas regulações que se aplicam à indústria petrolífera, já endurecidas pelo Congresso nos estertores da catástrofe do meio deste ano.

Mas a verdadeira incógnita, para os especialistas, é até que ponto podem ser impostos limites às explorações em alto-mar, ao passo que aumenta o preço do barril de petróleo e a dependência energética dos Estados Unidos.

"Quanto mais regularmos a indústria, mais caro será para as empresas desenvolver sua atividade. Temos de nos perguntar se realmente queremos que os Estados Unidos deixem de perfurar suas próprias águas", indicou Azwell.

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